Entrevista realizada com o membro do Coletivo Júlio Lucas, pelo portal Jequié Notícias, na data de 21/12, onde ele fala do lançamento de seu livro, "Novamente Poesia", seu programa na 105 FM, e a cultura de Jequié:
JN: Recentemente você lançou em Jequié o livro Novamente Poesia. Conte para nós um pouco desta obra, do que falam as suas poesias.
Júlio Lucas: São trabalhos realizados ao longo de mais de duas décadas. Temáticas variadas. Umas românticas, muitas existenciais, outras são resultado do simples (e difícil) exercício da síntese imagética. Também não me esquivo do cotidiano e das mazelas humanas, que podem parecer melancólicas, mas prefiro compreendê-las como provocações poéticas por um mundo melhor. O importante mesmo é que cada leitor seja também um pouco poeta e reinvente a obra a cada leitura.
JN: Você apresenta o programa Tribos do Rock na 105 FM. Este programa tem um estilo mais saudosista ou mostra muito do que há de novo no rock? Complementando com outra pergunta, é possível ficar feliz com as novas bandas de rock internacionais e brasileiras?
Júlio Lucas: Depende do meu estado de espírito na semana e da participação do público por telefone e internet. Tenho um gosto bastante eclético. O título do programa no plural é proposital. A proposta é contemplar, na medida do possível, todas as vertentes que dialogam entre si no universo do rock. No meu tempo de adolescente - não tem tanto tempo assim (anos 80) - o lema era: “faça você mesmo”. Gosto da simplicidade e atitude daquela geração que solidificou o rock brasileiro.
Atualmente, com a popularização da internet e a democratização do acesso às tecnologias, a “gurizada“ tem produzido muita coisa interessante e algumas surpreendentes sob a égide do: “tudo ao mesmo tempo agora”. Gosto do resultado das misturas e releituras sem sectarismos que pipocam por todo lado, principalmente no cenário independente. O que não curto é a massificação da mediocridade pela grande mídia.
O TDR vai ao ar pela 105 FM todo sábado, 20h. E como digo sempre: se o ouvinte não participar pedindo sua música, dando sugestão, fazendo crítica, eu puxo a sardinha pra minha brasa e aí já sabe, rola mais os inesquecíveis e inoxidáveis clássicos.
JN: Fazendo uma retrospectiva em relação à cultura em Jequié neste ano de 2011, o que você observa de positivo e de negativo em nossa cidade?
Júlio Lucas: Uma coisa muito interessante que vem acontecendo em Jequié a partir do segundo semestre de 2011 são as produções do Borda da Mata, coletivo do Circuito Fora do Eixo. Bandas de vanguarda de Salvador, Conquista, Feira de Santana, Ipiaú, e de outros estados, a exemplo do Paraná, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro e São Paulo dividiram palco com nossos artistas locais em shows memoráveis. Sinto que ainda falta maior participação da rapaziada universitária, e daqueles que vivem reclamando da vida sem sair da sua zona de conforto.
Falando de políticas públicas, foi um ano difícil. Dar continuidade ao trabalho incipiente que vinha sendo estruturado pela gestão de Bené Sena - um cara sensível e com substância artística essencial ao setor - interrompido equivocada e abruptamente, não tem sido fácil para a equipe da Secut. O secretário Robério Chaves é bem intencionado, a sede própria da Secut foi instalada. O problema é que no meio do caminho tem o São João. Apesar da consagração da festa como megaevento sem perder de vista o conceito de tradição popular, muitos recursos do setor são aplicados exclusivamente para este fim desfalcando investimentos para outras ações de fomento à cultura. Além disso, o mesmo mal que inviabilizou a permanência de Bené parece afetar o atual secretário: o famigerado fogo “amigo” que, reincidente, desgastou a imagem de vários nomes de envergadura moral na administração municipal.
A Cultura com status de secretaria aconteceu na antiga gestão do prefeito Luiz Amaral, foi excluída das administrações posteriores e só resgatada no apagar das luzes do governo Reinaldo Pinheiro para atender ao plano de governo da atual administração. A Secretaria de Cultura e Turismo é nova e necessita de maior atenção para fazer jus a sua importância
JN: Chegando o ano 2012, se você pudesse fazer algo pela cultura jequieense, o que seria?
Júlio Lucas: Pessoas como eu, vocês do Jequié Notícias e muitas outras estão sempre contribuindo com a cultura: discutindo, promovendo ou realizando projetos por iniciativa própria. Mas se eu pudesse fazer algo a partir do poder público municipal, trabalharia intensamente em três frentes juntamente com os artistas e produtores culturais: (1) Pôr em prática a aplicação do Fundo Municipal de Cultura e com os recursos disponíveis direcionados para o endereço certo abriria muitos editais para contemplar as diversas linguagens artísticas. (2) Em parceria com o Conselho Municipal de Cultura, criaria comissões para avaliar projetos de demanda espontânea. (3) Lutaria para ratear os custos do São João com outras secretarias que têm participação fundamental neste evento de abrangência sócio-econômica e cultural para o município.
Essas são as ações prioritárias que eu tentaria executar - sempre em consonância com as políticas púbicas dos governos estadual e federal - se estivessem ao meu alcance. Mas sei que não é tão fácil assim. Gestão pública esbarra em entraves burocráticos e conveniências políticas, muitas vezes em detrimento dos reais interesses da população.
Júlio Lucas: São trabalhos realizados ao longo de mais de duas décadas. Temáticas variadas. Umas românticas, muitas existenciais, outras são resultado do simples (e difícil) exercício da síntese imagética. Também não me esquivo do cotidiano e das mazelas humanas, que podem parecer melancólicas, mas prefiro compreendê-las como provocações poéticas por um mundo melhor. O importante mesmo é que cada leitor seja também um pouco poeta e reinvente a obra a cada leitura.
JN: Você apresenta o programa Tribos do Rock na 105 FM. Este programa tem um estilo mais saudosista ou mostra muito do que há de novo no rock? Complementando com outra pergunta, é possível ficar feliz com as novas bandas de rock internacionais e brasileiras?
Júlio Lucas: Depende do meu estado de espírito na semana e da participação do público por telefone e internet. Tenho um gosto bastante eclético. O título do programa no plural é proposital. A proposta é contemplar, na medida do possível, todas as vertentes que dialogam entre si no universo do rock. No meu tempo de adolescente - não tem tanto tempo assim (anos 80) - o lema era: “faça você mesmo”. Gosto da simplicidade e atitude daquela geração que solidificou o rock brasileiro.
Atualmente, com a popularização da internet e a democratização do acesso às tecnologias, a “gurizada“ tem produzido muita coisa interessante e algumas surpreendentes sob a égide do: “tudo ao mesmo tempo agora”. Gosto do resultado das misturas e releituras sem sectarismos que pipocam por todo lado, principalmente no cenário independente. O que não curto é a massificação da mediocridade pela grande mídia.
O TDR vai ao ar pela 105 FM todo sábado, 20h. E como digo sempre: se o ouvinte não participar pedindo sua música, dando sugestão, fazendo crítica, eu puxo a sardinha pra minha brasa e aí já sabe, rola mais os inesquecíveis e inoxidáveis clássicos.
JN: Fazendo uma retrospectiva em relação à cultura em Jequié neste ano de 2011, o que você observa de positivo e de negativo em nossa cidade?
Júlio Lucas: Uma coisa muito interessante que vem acontecendo em Jequié a partir do segundo semestre de 2011 são as produções do Borda da Mata, coletivo do Circuito Fora do Eixo. Bandas de vanguarda de Salvador, Conquista, Feira de Santana, Ipiaú, e de outros estados, a exemplo do Paraná, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro e São Paulo dividiram palco com nossos artistas locais em shows memoráveis. Sinto que ainda falta maior participação da rapaziada universitária, e daqueles que vivem reclamando da vida sem sair da sua zona de conforto.
Falando de políticas públicas, foi um ano difícil. Dar continuidade ao trabalho incipiente que vinha sendo estruturado pela gestão de Bené Sena - um cara sensível e com substância artística essencial ao setor - interrompido equivocada e abruptamente, não tem sido fácil para a equipe da Secut. O secretário Robério Chaves é bem intencionado, a sede própria da Secut foi instalada. O problema é que no meio do caminho tem o São João. Apesar da consagração da festa como megaevento sem perder de vista o conceito de tradição popular, muitos recursos do setor são aplicados exclusivamente para este fim desfalcando investimentos para outras ações de fomento à cultura. Além disso, o mesmo mal que inviabilizou a permanência de Bené parece afetar o atual secretário: o famigerado fogo “amigo” que, reincidente, desgastou a imagem de vários nomes de envergadura moral na administração municipal.
A Cultura com status de secretaria aconteceu na antiga gestão do prefeito Luiz Amaral, foi excluída das administrações posteriores e só resgatada no apagar das luzes do governo Reinaldo Pinheiro para atender ao plano de governo da atual administração. A Secretaria de Cultura e Turismo é nova e necessita de maior atenção para fazer jus a sua importância
JN: Chegando o ano 2012, se você pudesse fazer algo pela cultura jequieense, o que seria?
Júlio Lucas: Pessoas como eu, vocês do Jequié Notícias e muitas outras estão sempre contribuindo com a cultura: discutindo, promovendo ou realizando projetos por iniciativa própria. Mas se eu pudesse fazer algo a partir do poder público municipal, trabalharia intensamente em três frentes juntamente com os artistas e produtores culturais: (1) Pôr em prática a aplicação do Fundo Municipal de Cultura e com os recursos disponíveis direcionados para o endereço certo abriria muitos editais para contemplar as diversas linguagens artísticas. (2) Em parceria com o Conselho Municipal de Cultura, criaria comissões para avaliar projetos de demanda espontânea. (3) Lutaria para ratear os custos do São João com outras secretarias que têm participação fundamental neste evento de abrangência sócio-econômica e cultural para o município.
Essas são as ações prioritárias que eu tentaria executar - sempre em consonância com as políticas púbicas dos governos estadual e federal - se estivessem ao meu alcance. Mas sei que não é tão fácil assim. Gestão pública esbarra em entraves burocráticos e conveniências políticas, muitas vezes em detrimento dos reais interesses da população.
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